Os recursos recebidos pela venda da CEDAE pelas Prefeituras do Rio de Janeiro e São Gonçalo foram uma oportunidade de investimento desperdiçada?
Entre 2017 e 2020, as prefeituras do Rio de Janeiro e São Gonçalo enfrentaram crises fiscais severas. A privatização da CEDAE, que gerou recursos significativos, trouxe esperança com investimentos em infraestrutura, como a retomada do BRT Transbrasil no Rio e melhorias urbanas em São Gonçalo. No entanto, muitos moradores ainda não percebem melhorias significativas em seus bairros. A proximidade das eleições de 2024 pode intensificar os investimentos, mas a sustentabilidade dos projetos é uma preocupação, considerando que os recursos da CEDAE não são recorrentes.
CIDADE DO RIO
Marcelo Bandeira
6/5/20243 min read
Entre 2017 e 2020, as prefeituras do Rio de Janeiro e São Gonçalo enfrentaram desafios fiscais severos. Sob a gestão de Marcelo Crivella, o Rio de Janeiro sofreu com a estagnação da arrecadação, mantendo o orçamento com baixo crescimento ao longo de toda sua gestão. Em São Gonçalo, José Nanci também enfrentou restrições financeiras significativas. A restrição orçamentária dificultou a execução de projetos e a manutenção dos serviços municipais.
As eleições de 2020 trouxeram novos prefeitos, que assumiram em um contexto de pandemia e desesperança, mas com uma oportunidade única devido à privatização da CEDAE. A privatização arrecadou R$ 24,8 bilhões, com os recursos sendo divididos entre diversos municípios, incluindo Rio de Janeiro e São Gonçalo.
Rio de Janeiro: Já recebeu R$ 4,8 bilhões e ainda tem uma última parcela de R$ 1,2 bilhão a receber em 2025, permitindo o início de novos investimentos em infraestrutura e serviços públicos. Entre as obras já realizadas, destacam-se a retomada do BRT Transbrasil, que conta com diversas estações, incluindo o Terminal Intermodal Gentileza, que integrará diversos modais de transporte. Muitos outros projetos foram realizados com as possibilidades que este dinheiro da CEDAE trouxe, pois foi este recurso que permitiu ao Prefeito Eduardo Paes ter fôlego para realização de obras.
São Gonçalo: Já recebeu R$ 818 milhões e a última parcela de R$ 204 milhões a prevista para 2025. O município focou em diversas obras de infraestrutura e melhorias urbanas. Para citar algumas das intervenções: obras de terraplanagem na Estrada da Meia-Noite, intervenções no trânsito da Covanca para as obras do MUVI, obras em Vista Alegre, melhorias em 16 postos de saúde, e macrodrenagem na Avenida do Colubandê. Essas iniciativas visam melhorar a mobilidade, o saneamento e a qualidade de vida dos moradores.
A população percebeu melhora no seu bairro? Enquanto alguns projetos de infraestrutura começaram, muitos moradores relatam que melhorias significativas ainda não foram vistas em suas áreas, e outras áreas estão completamente abandonadas pelo poder público. Muitas comunidades sofrem com a falta de estrutura básica, como recapeamento de vias, iluminação precária e desordem urbana. Será que os recursos da CEDAE foram distribuídos de forma equitativa? Você sente que seu bairro foi beneficiado ou ainda está aguardando por melhorias essenciais? Participe e compartilhe sua experiência nos comentários!
Com a proximidade das eleições de 2024, é possível que os investimentos se intensifiquem, como ocorre em todo ano eleitoral. Alguns projetos começam a ser anunciados, como o da nova orla na região portuária do Rio de Janeiro. Um projeto incrível, de fato, mas que não atende a população como os moradores do Gardênia Azul ou do Morro da Tirol na Freguesia em Jacarepaguá. Isso para citar duas áreas apenas, mas há outras centenas sem atendimento da prefeitura do Rio.
Outro ponto importante é considerar a sustentabilidade e continuidade das manutenções nas áreas em que ambas as prefeituras estão focando neste momento. Após o período eleitoral, especialmente porque os recursos da CEDAE não são recorrentes e em 2025 teremos a última parcela. No Rio de Janeiro, por exemplo, será que o prefeito eleito vai olhar para as áreas que carecem de manutenção quando a última parcela de recursos da venda da CEDAE cair na conta ou fará uma nova obra, como é o caso do projeto proposto por Eduardo Paes?
Imagine as finanças em sua vida privada: você ganha um prêmio de R$ 100 mil e, de repente, decide comprar um apartamento de R$ 1 milhão com condomínio de R$ 2 mil/mês. Se refletirmos bem, o dinheiro da CEDAE parece esses R$ 100 mil, mas os projetos realizados podem ter custado o 1 milhão hipotético e os prefeitos podem não ter considerado os R$ 2 mil/mês que serão um custo eterno.
A sensação de abundância que os recursos da CEDAE causaram pode dar a impressão ao povo de que temos gestores fantásticos na direção dos municípios. Pretendemos fazer análises financeiras ao longo das próximas semanas para avaliar a gestão orçamentária-financeira dos municípios do Rio e de São Gonçalo e verificar como está a relação entre receitas, despesas e a sustentabilidade financeira dos municípios.
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